sábado, 10 de março de 2012

Como incentivar alunos através de Textos

 A parábola da Carroça Vazia

Uma das grandes preocupações de nosso pai, quando éramos pequenos, consistia em fazer-nos compreender o quanto a cortesia é importante na vida.
Por várias vezes percebi o quanto lhe desagradava o hábito que têm certas pessoas de interromper a conversa quando alguém está falando. Eu, especialmente, incidia muitas vezes nesse erro. Embora visivelmente aborrecido, ele, entretanto, nunca ralhou comigo por causa disso, o que me surpreendia bastante.
Certa manhã, bem cedo, ele me convidou para ir ao bosque a fim de ouvir o cantar dos pássaros. Concordei, com grande alegria, e lá fomos nós, umedecendo nossos calçados com o orvalho da relva. Ele se deteve em uma clareira e, depois de um pequeno silêncio, me perguntou:
- Você está ouvindo alguma coisa além do canto dos pássaros?
Apurei o ouvido alguns segundos e respondi:
- Estou ouvindo o barulho de uma carroça que deve estar descendo pela estrada.
- Isso mesmo... - disse ele - É uma carroça vazia...
De onde estávamos não era possível ver a estrada e eu perguntei admirado:
- Como pode o senhor saber que está vazia?
Meu pai pôs a mão no meu ombro e olhou bem no fundo dos meus olhos, explicando:
- Por causa do barulho que faz. Quanto mais vazia a carroça, maior é o barulho que faz.
Não disse mais nada, porém deu-me muito o que pensar. Tornei-me adulto e, ainda hoje, quando vejo uma pessoa tagarela e inoportuna, interrompendo intempestivamente a conversa de todo o mundo, ou quando eu mesmo, por distração, vejo-me prestes a fazer o mesmo, imediatamente tenho a impressão de estar ouvindo a voz de meu pai soando na clareira do bosque e me ensinando:
- Quanto mais vazia a carroça, maior é o barulho que faz.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

PROFESSOR - Usando a Sala de Informática sem nunca entrar nela

Desde que a escola disponha de uma estrutura que permita o acesso dos alunos à Sala de Informática no contraturno (por meio de um funcionário encarregado de disponibilizá-la ou mesmo de um grupo de alunos monitores) é sempre possível propor atividades para os alunos com o uso dos computadores, mesmo que o professor se sinta constrangido em adentrar a um ambiente onde ele é, muitas vezes, o mais ignorante dos presentes.
Todas as atividades listadas abaixo podem ser realizadas pelos alunos sem a necessidade de um professor que os acompanhe:
  • Pesquisa na internet: os alunos já fazem pesquisas na internet quando seus professores lhes pedem “trabalhos”. O fato de muitos deles devolverem trabalhos que são meramente cópias descaradas de sites, ou mesmo trabalhos já publicados na internet, depende muito mais da incapacidade do professor em propor uma boa pesquisa do que da disponibilidade de sites e trabalhos prontos na internet ou da “desonestidade” dos alunos. Para propor uma boa pesquisa o professor não precisa sequer entrar na Sala de Informática, bastando apenas que ele seja realmente um professor que saiba propor pesquisas (com ou sem internet) e não um “dadador de aulas” que ao fim e ao cabo espera mesmo que o aluno lhe entregue um punhado de papel e não que ele aprenda algo com isso.
  • Digitação de textos e elaboração de apresentações: Ao invés de solicitar que os alunos criem cartazes e os pendurem nas paredes da escola, o professor pode propor que eles apresentem seus trabalhos usando um projetor multimídia (se a escola dispuser de um) ou mesmo usando uma TV com aparelho de DVD. Se o professor não faz idéia de como criar uma apresentação de slides e então apresentá-la em um datashow ou em um formato de DVD, não tem problema algum, pois seus alunos, que também não sabem, aprenderão sozinhos, mesmo que o professor não se disponha a ajudá-los a aprender ou a aprender com eles. A maioria dos alunos de hoje em dia é bem mais autônoma do que seus professores e, por isso, conseguem aprender a fazer coisas que seus professores não conseguem;
  • Uso de softwares de criação e edição de imagens, vídeos e arquivos sonoros: os alunos são capazes de ilustrar um trabalho com um vídeo produzido por eles mesmos, usando seus celulares, e posteriormente editado no computador da Sala de Informática, ou usar o mesmo celular para gravar uma entrevista e depois editá-la no computador, transcrevê-la para um documento de texto e até mesmo publicar esse documento na web. Não é preciso que o professor saiba nada disso, e mesmo se ele não quiser ou não se sentir capaz para aprender, ainda assim ele pode solicitar isso a seus alunos e certamente eles o farão, enriquecendo assim sua aprendizagem;
  • Busca e uso de materiais didáticos alternativos: a internet é uma biblioteca literalmente infinita onde os alunos podem encontrar informações e materiais didáticos sobre qualquer assunto ou disciplina. Mesmo o professor que vive limitado aos seus poucos livros, às vezes apenas um, deve ter consciência de que seu aluno obterá muito mais informação na internet do que nas suas aulas e, portanto, não deve dispensar esse recurso como fonte de informação para seus alunos. Evidentemente esperar-se-ia que um bom professor fosse capaz de indicar os melhores sites para consulta,  os links para bons materiais jornalísticos, etc., mas mesmo aquele professor que mal sabe para si mesmo ainda pode indicar de forma “genérica” que seus alunos busquem mais informações sobre os temas da aula no “Google”. O hábito de pesquisar informações e conteúdos na internet tende a se intensificar cada vez mais e em breve poderemos aposentar enfim os professores cuja única utilidade continua sendo copiar e colar na lousa os conteúdos pobres que ele dispõe de um ou dois livros didáticos apenas;
  • Aprendizagens colaborativas, redes sociais e multimeios: na Internet o aluno pode fazer amigos, discutir assuntos de seu interesse, paquerar e surfar por temas que não tem nenhuma relação com os conteúdos escolares, mas ele também pode participar de grupos de discussão, pode tirar dúvidas com professores que não se sentem “velhos, acabados e desestimulados” e que se dispõem a ajudar alunos que nem mesmo são seus. Nas redes sociais também se podem formar grupos de estudo, pode-se paquerar ou fazer a lição de casa “à distância”, pode-se matar o tempo vendo vídeos engraçados ou assistindo a experimentos e demonstrações que muitas vezes seus professores se negam a fazer por “falta de tempo ou de recursos”. Enfim, a internet também é, em muitos casos, uma escola bem mais útil para o aluno do que a velha sala de aula chata onde uma voz monótona repete parágrafos copiados de livros velhos;
Evidentemente há ainda muitas outras possibilidades para se abandonar seu aluno na Sala de Informática e, mesmo assim, conseguir dele uma melhor aprendizagem do que a que ele obtém apenas copiando aquilo que o próprio professor copia dos livros. E, evidentemente, também há riscos e problemas diversos decorrentes desse abandono. Mas é melhor deixar que seu aluno usufrua desses recursos na Sala de Informática do que privá-lo deles só porque o professor se sente incompetente para acompanhá-lo nessa jornada. Se o professor sente que “não aguenta”, que ele deixe que seu aluno vá sozinho, ao invés de puxá-lo junto consigo para as profundezas do atraso.

O USO DO DATASHOW

Além de usar também é preciso cuidar

O datashow ainda é um aparelho frágil e caro e, por isso mesmo, é preciso cuidar bem dele. Aqui vão algumas sugestões para evitar “acidentes” com o datashow e para prolongar seu tempo de vida.
  1. Transporte e armazenamento: transporte com cuidado e sempre dentro da bolsa onde ele é guardado. Evite pedir que os alunos transportem o datashow, pois eles podem não ter lido esse artigo e podem não saber que cuidados tomar. Guarde em lugar seco e arejado e nunca coloque outros objetos sobre o datashow. Guarde sempre desmontado e mantenha seus cabos (de vídeo e de energia) guardados na mesma bolsa onde guarda o aparelho, no local apropriado dela.
  2. Ligamento e desligamento: Ao ligar o aparelho pode ocorrer de ele demorar para começar a funcionar. Não tenha pressa e lembre-se de que não adianta “bater nele”. Ao desligar faça-o pelo aparelho e aguarde que ele mesmo se desligue antes de retirar o cabo de força da tomada (os aparelhos “se resfriam” antes de se desligarem).
  3. Manipule com cuidado: o datashow é frágil e tem componentes que podem se danificar devido a choques. Evite trepidações, batidas e chacoalhões. Obviamente o datashow não gosta de tomar banho, fica irritado com a poeira do giz e não quer ser derrubado. Lembre-se: cuidado, frágil!
  4. Monte em local adequado: Ao montá-lo sobre uma mesa ou carteira, certifique-se de ninguém vai passar por alí e “tropeçar” na mesa ou nos cabos de energia. Muitas quebras de datashow ocorrem por essa razão. É sempre bom explicar isso para os alunos e “isolar” a área próxima ao local de montagem do aparelho.
  5. Aumente a vida útil da lâmpada: a parte mais cara do datashow (custa quase o preço dele próprio) é sua lâmpada. Ela tem uma vida útil limitada e um dia vai queimar-se naturalmente, mas você pode prolongar o tempo de vida dessa lâmpada se evitar batidas no aparelho, não deixar o datashow ligado enquanto não o estiver de fato utilizando e, sempre que for fazer uma pausa na apresentação, colocá-lo no modo de “tela branca” (os aparelhos têm uma opção de “não projetar nada” para economizar o uso da lâmpada quando necessário). Além disso, há regulagens “econômicas” no próprio aparelho.

Conclusões e reflexões sobre o uso do datashow

O uso do datashow em sala de aula possibilita uma abordagem inovadora do currículo, permite a inserção de ferramentas colaborativas nas práticas pedagógicas, amplia o universo de informações que o professor leva para a sala de aula, torna mais simples determinadas atividades expositivas em que o professor precisa se empenhar muito na lousa, liberta o professor da tirania do livro didático, possibilita aos alunos aprendizagens diretamente ligadas ao mundo digital moderno onde ele vive e torna as aulas mais interessantes, dinâmicas e ricas em possibilidades.
Em contrapartida, o professor é muito mais exigido no campo de suas competências como educador, precisa dedicar um tempo extra à pesquisa de recursos na internet, tem que fazer planejamentos de aula “de fato” (e não apenas “pro-forma”, como muitas vezes ocorre) e, claro, tem que dispor dos recursos necessários em sua escola. Além disso, como o uso da tecnologia digital ainda está bastante sujeito a interpéries diversas, é sempre preciso ter um “plano B” que permita o desenvolvimento da aula quando o datashow não estiver disponível.
Do ponto de vista da gestão e das políticas de governo, caberia salientar que o perfil do professor que utiliza as TICs e o datashow em sala de aula requer uma visão diferente do que se entende comumente por “carga horária”, pois preparar boas aulas ao invés de apenas seguir a receita dos livros didáticos requer um tempo de trabalho fora da sala de aula maior do que o tempo necessário para apenas “preparar-se para usar o livro didático”. Esse tempo extra não é esporádico e não diz respeito as “formações continuadas”, ele é um “tempo novo”, contínuo e necessário que faz parte desse novo paradigma de escola com currículos e práticas baseadas na web e nas TICs.